aniversário do crónicasde uma mãe atrapa
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A Bárbara não é uma criança de trato fácil, embora seja meiga e ternurenta, oscila essa meiguice com laivos de rebeldia desde muito cedo. Mas, ao mesmo tempo que assim é, é uma criança de extremos (afinal ela é peixinhos, nadam cada um para o seu lado) se por um lado é extrovertida e sociável, por outro, muito tímida e reservada. Se algum miúdo na escola lhe bater ou lhe estragar alguma coisa ela é incapaz de fazer queixa, depois quando se farta defende-se e para azar dela normalmente é apanhada quando o faz, mas é incapaz de dizer que foi o outro que lhe bateu primeiro. E depois fica revoltada. Segunda fui buscá-la, ainda estava na salita, onde ficam a fazer os trabalhos depois das aulas, enquanto os pais não os vão buscar. Estava ela a mostra-me a capa dos trabalhos manuais, sentadinha a chinês, quando um colega sem mais nem menos mesmo na minha frente se lembra de lhe dar um pontapé na capa que lhe foi contra cara, Claro que ali ela se queixou que ela atinha magoado e eu disse ao menino que ele não tinha nada que o fazer pois ela não se estava a meter com ele.
A seguir eu queria ir-me embora e menina nada de se despachar. De repente sai da sala e ia-se embora sem mais nem menos. Chamo-a para levar a mochila, que normalmente até lha levo. Vira-se para mim e diz levas tu: ah não meu amor que a criada está de folga. Foi pela atitude e não por eu lhe levar a mochila. Voltou e chamou-me danada aos gritos que queria que eu lhe levasse a mochila, como lhe disse que não e mantive o não, disse-lhe para se despachar e andei para frente. Atirou com a mochila para o meio das escadas ( a esta altura eu já estava deitar fumo e a segurar-me) voltei atrás, dei-lhe um puxão de orelhas e obriguei-a apanhar a mochila.
Desde a sala à saída da escola que fez uma birra desenfreada, chorava gritava-me enfim. Já estávamos fora do portão quando num enorme choro sentido me pede para ir á cãs de banho, voltamos para trás. Quando sai da casa de banho agarra-se a mim num choro convulsivo, desculpa mamã! E chora convulsivamente agarrada a mim. De repente ocorre-me: Bá o que se passou hoje na escola que te deixou assim tão irritada. Responde um: - nada mamã - pouco convincente. À noite entre a luta para ela acabar os poucos trabalhos casa que ainda trouxe, vem, já sem eu esperar, a resposta a toda esta birra.
Ela pega numa mola de escritório em forma de patinho e começa a falar:
-Vou-te dizer uma coisa. Hoje a professora ofereceu aos meninos que tiveram sempre bolinhas verdes uma molinha igual a esta mas em forma de golfinho. Eu não tive direito porque tive uma bolinha amarela, no recreio, se fosse amarela no refeitório podia ter, mas como foi no recreio, eu não tive direito. E eu gosto tanto de golfinhos…
-Os olhos dela enchem-se de tristeza, o choro retorna.
-Não é justo, se fosse eu que tivesse começado, a bolinha amarela era justa, mas não fui eu que comecei, ainda por cima fui amiga, não fiz queixa da M.
-Olha filha regras, são regras, a mãe não pode interferir nas regras da professora, mas devia ter feito queixa, porque afinal a tua amiga fez queixa de ti. Tens que dizer as coisas se não as pessoas não adivinham. Amanhã fazes queixa à professora do menino que te bateu com a capa. Fazemos assim se te baterem não fazes nada, vais fazer queixa (que eu depois quero ver o que fazem, penso eu com os meu botões), que eu tenho certeza que a partir de agora vais ter só bolinhas verdes. E amanhã fazes queixa à professora que aquele menino te bateu quando me estavas a mostrar a capa. E como a mamã acha que tens esforçado muito a mamã oferece-te não um golfinho, mas uma caixa deles, mas só se te portares bem. Sentiu-se mais animada e começou entusiástica e detalhadamente a explicar como eram os golfinhos. Acabou os trabalhos, foi comer e foi para a cama.
Fiquei a perceber que muitas das birras dela comigo, eram provavelmente situações de injustiça na escola que ela não me dava conhecimento, porque é difícil arrancar-lhe alguma coisa. Fiquei com a certeza que ela vai continuar, sem se queixar o que me angustia. Decidi falar coma a professora que me parece uma pessoa muito acessível. Assim que lhe disse que precisava de falar com ela disponibilizou-se logo. Estava eu a fazer tempo para ligar à professora, quando ela própria me ligou. Expliquei que a Bá me mostra sempre os recados todos e que já tinha tomado conhecimento da bolinha amarela, mas que tinha sido desleixo meu não ter assinado, nem a da bola amarela nem a da cara sorridente, onde vinham todas verdes. Expliquei também que embora com algum esforça ela tinha acabado, por me contar o que se tinha passado. também disse que sabia que a minha filha não era melhor do que os ouros e que eu própria dizia que ela tinha uma personalidade forte que raramente se revelava na escola. Ela concordou, pois diz que em relação ao seu comportamento com ela só tem a dizer bem Mas que também sei que a minha filha não é criança de bater noutra só porque lhe passou uma coisa pela vista. Que sim que lhe digo para se defender, para bater sem motivo, não, mas para se defender. E sei que se lhe baterem ela não vai dizer. Aproveito para perguntar o que já sei (que ela não fez queixa do menino que lhe bateu e que vai continuar sem se queixar deste e de outros. A professora confirma-me que ela não se tinha queixado. Explico que a situação foi à minha frente, que não gosto muito de interferir, mas que perante atitude e o contexto tive que avisar o menino para não o repetir. A professora percebeu o tipo de criança que a Bá é, e prometeu-me que ia estar mais atenta e que ia alertar a auxiliar da sala. E eu acredito na sua boa vontade. O que me angustia é que sei que nem sempre conseguimos nos aperceber destas situações, principalmente quando as crianças não falam.
Ontem a Bá parecia outra criança, quando a fui buscar brincava alegre com as suas coleguinhas. Tentei saber o que a professora falou com ela, mas não se desmanchou muito.
Conforme o prometido à saída da escola ela foi comigo buscar a caixa dos golfinhos e vejam lá, queria oferecer um, à outra safada com que se pegou e por causa da qual teve a bolinha amarela…a má da mãe é que não deixou.
E confesso que gosto da professora dela e da sua amável disponibilidade.
Agora vamos esperar pelas bolinhas…•••
Por Darfur
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